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Nessa edição das Entrevistas nós temos um entrevistado especial, ele é Portugues nascido no Brasil, exatamente no Espirito Santo, Ainda Pequeno foi para Portugal e desde de 1982 é um apaixonado por Automobilismo, Jornalista, Comanda o Blog Continental Circus e é Freelance Vamos conferir a entrevista com esse entendedor de Automobilismo que tem 35 anos de idade

Blog dele: http://www.continental-circus.blogspot.com.br/
Entrevistador: Deivison Conceição

1. Paulo Teixeira, apresenta-se para o público que ainda não conhece a você quem seria Paulo Teixeira "@Speeder76"?

Bom, para quem ainda não me conhece, tenho 35 anos, sou solteiro, vivo numa pequena cidade chamada Leiria, no centro de Portugal, mas sou capixaba de nascimento. Vim para Portugal com seis anos de idade e cá fiquei. Tirei jornalismo em Coimbra e trabalho como “freelance”, para além do meu blog, o Continental Circus, que existe desde 2007.

2. Desde de quando você se apaixonou pelo automobilismo e por quem você foi influenciado?

Desde quase sempre. Comecei a ver em 1982, ainda no Brasil – a minha primeira grande memória é a do acidente mortal de Gilles Villeneuve – e depois deixei de ver por uns tempos. Quando a Formula 1 veio para Portugal, voltei a seguir, ainda mais quando assisti à vitória do Ayrton Senna, no ano seguinte, na mesma pista.

3.Quais são os pilotos que você mais gostava ou gosta de Torcer na Formula 1 e quais os pilotos que você odiava?

Cresci a ver Senna. Sinto-me um privilegiado em ter crescido nos anos 80, com os motores Turbo e teres quatro pilotos “no braço”, a darem o seu melhor. Naturalmente, para quem gostava de Senna, não gostava de Prost (risos). Mas hoje em dia, está tudo esbatido.

4. Quais são os seus ídolos no Automobilismo?

Aprendi a admirar muitos pilotos que deixaram a sua marca. Juan Manuel Fangio, pela sua incrível consistência, Jim Clark, Jackie Stewart, Gilles Villeneuve, pela sua incrível loucura e incrível lealdade. Fora disso, nos ralis, gostei de Henri Toivonen, do Ari Vatanen, do Carlos Sainz e Colin McRae, e gosto do Sebastien Löeb. Admirei os feitos de Jacky Ickx e de Stefan Bellof nos Sport-Protótipos, por serem o oposto um do outro.

5. Paulo Teixeira, desde do primeiro momento em que você acompanhou a Formula 1 até a temporada de 2012, quais foram as principais mudanças da Categoria e o que de mais importante teve no carro de Formula 1?

Como eu te disse, apanhei os Turbo. Depois disso, abandonou-se os Turbos e voltou-se aos aspirados, mudou-se de cilindrada, mas acho que o mais importante foi que os carros tornaram-se resistentes. Os motores são resistentes, as caixas de câmbio são resistentes, os chassis, claro. É muito difícil teres um problema mecânico.

6. Como era a Formula 1 dos anos 80, será que um dia voltaremos a ter uma Formula 1 onde vale mais o Braço do que o Equipamento?

Os anos 80 foram uma espécie de “corrida aos armamentos” em termos de velocidade, mas não de resistência. Eram equipamentos poderosos, mas frágeis. Podias vencer uma corrida, mas a seguir poderias ter quatro desistências seguidas. Ayrton Senna ficou com a fama, em 1985-86, no tempo das Lotus, de ter um carro velocíssimo nas qualificações, mas raramente vencia. Se tivesse a resistência dos nossos dias, teria sido campeão nessa altura. Apesar de haver muito “braço”, existia porque o equipamento era frágil. Depois isso melhorou – suspensão ativa, caixa semi-automática – e as coisas começaram a melhorar.

7. O que você esta achando da Temporada de 2012 da Formula 1? Esta gostando dela e me fale, esse vai ser o ano do Equilíbrio total?

De uma certa maneira, sim, apesar de saberes que esse equilíbrio é algo artificial, por causa dos pneus. Tiveste quatro vencedores diferentes, de quatro equipas diferentes, em quatro corridas. E sei que isto não vai ficar por aqui. É bem provável que em Barcelona veremos o quinto vencedor diferente, até pode ser na mesma equipa, mas vais ver.

8. Quantas equipes podem vencer corridas além das que já Venceram: Red Bull, Mclaren, Ferrari e Mercedes?

A Lotus pode vencer, sem dúvida. A Sauber, se tiver um dia como teve na Malásia, também. Acho que até a Williams e a Force India podem aspirar a um pódio.

9. Para você qual é a grande surpresa do Ano em termos de piloto para você? E Claro qual seria a Decepção como piloto?

Fiquei surpreendido – mas não muito – com o Sergio Perez. Havia o potencial nele, e sabia que o Sauber deste anos tinha sido “bem nascido”, mas não esperava que conseguisse um pódio logo na sua segunda corrida. Também fiquei surpreendido com a forma de Kimi Raikkonen no seu regresso à Formula 1, pode ser que volte a vencer ainda nesta temporada. Veremos.

Quanto a decepções, estão à vista, não é? Temos um Felipe Massa que “acusa” o peso de Fernando Alonso, e temos um Michael Schumacher que por fim, também acusa o peso dos seus anos, apesar de alguns bons resultados no inicio desta temporada, pelo menos em termos de qualificação

10. E Como equipe a Mesma coisa: A Surpresa desse ano e a Decepção?

Para mim, a Sauber me surpreende. É um chassis bem feito pela James Key - que entretanto saiu da equipa – e consegue ser bem equilibrado. Os Ferrari vão pela direção contrária, e vão ter de fazer rapidamente uma versão B, porque aquela vitória de Fernando Alonso na Malásia foi mais mérito dele do que do carro. E de uma certa forma, o Red Bull RB8, porque normalmente Adrian Newey acerta a mão, mas era de esperar, depois de um ano tão dominador como 2011

11. Paulo Teixeira, A Ferrari agora se inspirou no Exemplo da Jaguar em seus anos patéticos que ela teve na Formula 1 e fez essa Bomba de carro que é o F2012, e será que tem concerto essa temporada para o Time italiano?

Bom, eles vão ter de se esforçar para melhorar o chassis. O rumor que se corre é que vai ser um “Ferrauber” - Ferrari + Sauber – pois irão desenhar a traseira do Sauber deste ano para ver se melhoram as suas performances. Neste momento, eu te direi que a Scuderia tem o sexto melhor chassis do pelotão, o que quer dizer que é pior do que McLaren, Red Bull, Lotus, Sauber e Mercedes. E a Williams e a Force India não andam muito longe, logo, podes ver até que ponto o carro se tornou.

Vai ser muito complicado para eles reagirem. Terão de confiar nos bons dias de Fernando Alonso para mostrar algo, e é triste.

12. Fernando Alonso, Sebastian Vettel, Lewis Hamilton, Kimi Raikkonen e Jenson Button. Quais desses pilotos é o Mais completo e me fale a característica principal de cada um deles.

Gosto muito de Sebastian Vettel, pela sua rapidez e bom humor. Mas acho que o mais completo é o Jenson Button, porque sabe pensar, sabe gerir os pneus como ninguém, e sabe atacar quando quiser. E admiro-o pelo facto de conseguir ser bem sucedido numa equipa como a McLaren, que era muito centrada em Lewis Hamilton. Tendo-o igualado e conseguido ganhar o respeito de toda a gente, prova a sua maturidade como piloto e pessoa. E está bem indicado para ser o bicampeão.

Tiro o chapéu ao Fernando Alonso por ele estar a tirar leite de pedra daquele mau chassis que é o Ferrari. É assim que demonstra todo o seu talento, e tem bastante. O Kimi Raikkonen também consegue tirar muito do seu carro, é certo, mas precisa ser motivado para fazê-lo. Está mais maduro, mas continuo a ter dúvidas.

13. Qual seria o Carro do ano até agora no Campeonato desse ano?

O McLaren MP4-27 é o mais provável candidato, porque não tem aquele horrível “bico de pato” e provou ser tão bom como os outros. O Red Bull RB8 ainda está por provar o seu potencial, mas ainda é cedo. E claro, o Mercedes W03 é outro forte candidato.

14. O que você esta achando dos pneus Pirelli na Formula 1, eles acharam uma receita perfeita para um pneu de Formula 1 que a Bridgestone não tinha?

Os pneus Pirelli beneficiam do facto de a Formula 1 ter decidido há algum tempo que iria haver um monopólio, alegadamente para cortar nos custos. Não posso fazer uma comparação assim rigorosa entre o pneu A e o B, porque eu tenho aquela sensação que a marca decidiu fazer pneus que resistem poucas voltas, para o espectáculo. O facto de eles te dizerem que tipo de pneus é que devem ser usados neste e naquele circuito, que devem usar dois tipos de compostos, etc… demonstra que a Pirelli – provavelmente a combinar com a FIA e o Bernie Ecclestone – querem dar espectáculo aos espectadores, dando-lhes poucos e pouco resistentes pneus.

Se for a receita perfeita, dir-te ei que sim, para o espectáculo da Formula 1.

15. Em todos os seus anos de Carreira como jornalista, me fale de uma corrida inesquecível que você viu na Formula 1 e me fala de uma corrida em que era melhor não ter acontecido de tão ruim que foi na sua opinião?

Há alguns que não consigo esquecer. Há o GP de Portugal de 1985, a primeira vitória de Ayrton Senna. Lembro-me também de ter levantado às 4 da manhã para ver o GP do Japão de 1990, aquele em que o Senna bate no Prost, para que no final, o Nelson Piquet e o Roberto Moreno subissem ao pódio juntos, com a Benetton. Também me lembro daquela primeira volta do GP da Europa de 1993, em Donington Park, em que o Senna passou a concorrência em menos de um minuto.

Anos depois, outro GP da Europa, mas em 1999, em Nurburgring, na única vitória da Stewart em Grandes Prémios. Mais recentemente, tivemos o GP da Europa de 2007, em Nurburgring, onde cheguei a ver uma Spyker na frente da corrida, com os outros pilotos a saírem de pista, uns atrás dos outros, o que foi surreal.

Corridas ruins há aos pontapés, de tão aborrecidos que foram. Mas lembro-me dos eventos em Imola, em 1994. Sei que se a lei italiana tivesse sido aplicada de forma rigorosa, depois dos eventos de sábado, ela teria sido cancelada, segundo a lei italiana. Mas não foi. Mas digo isto porque sabemos das consequências.

16. O que você Esta Achando da Campanha dos Brasileiros Felipe Massa e Bruno Senna na Formula 1 até Agora? E como você Esta vendo o processo de minguação de categorias que revelam jovens pilotos para a reposição.

Bruno Senna está a ir bem, vai ter por fim “o” ano que tanto queria, que tanto desejava e que nunca treve nem na Hispania, nem na Lotus. A Williams tem motor Renault, e fez um chassis simples, mas eficaz. Já pontuou por duas vezes e pode ser que consiga superar na batalha interna com o Pastor Maldonado. É um piloto esforçado e com algum talento, mas não é o tio.

Já o Felipe Massa, as razões são duas. Tem um grande adversário que é Fernando Alonso, e infelizmente, está no lado dos perdedores. Como o brasileiro foi (mal) habituado a olhar para os seus como sendo os melhores, e que o segundo lugar é o primeiro dos últimos, quando o vê a ser constantemente batido pelo espanhol, quer a sua cabeça. Não é assim, não desaprendeu de correr, apenas tem um excelente companheiro de equipa e um mau carro, só isso.

Quanto às categorias de acesso… é uma tendência mundial. Estamos em crise, é certo, e não aparecem muitos pilotos para encher a quantidade de categorias de acesso que existem, e vê-se que são demasiados. World Series by Renault, Formula 2, GP3, GP2, Auto GP, etc… é muito para um topo da pirâmide muito estreito, onde só cabem 24 pilotos.

Há federações que trabalham muito e bem nesse aspecto, mas há outras que poderiam trabalhar melhor nessa área, por exemplo, colocando taxas de inscrição que sejam sustentáveis para os pilotos e equipas. E claro, arranjar um prémio final que seja aliciante para o vencedor, como um teste numa equipa de Formula 1 ou na IndyCar Racing.

Do que eu vejo no Brasil é que tenho a sensação que só querem é o dinheiro, e cobram taxas de inscrição que são insustentáveis para os que querem pilotar. O Brasil tem a potencialidade de construir uma categoria tão boa como a Indy, atraindo os melhores nacionais e alguns estrangeiros, como faz a Argentina. Só que, claro, é preciso vontade politica, e pelo que vejo, querem colocar dinheiro no bolso…

17. Michael Schumacher para você Paulo, ainda tem chances de ir bem na Formula 1 ou a idade já passou? Será que foi acertado ele voltar a Formula 1 depois de se consagrar como um grande piloto e campeão?

O Schumacher pode correr por mais algum tempo, se calhar atá quase aos 50 anos. Mas creio que os seus melhores dias já estão para trás, tanto mais que raramente consegue superar Nico Rosberg. Creio que ele poderá subir ao pódio uma ou outra vez, ainda por cima tem este ano um bom chassis, mas vencer e lutar por campeonatos… não creio.

Quanto á segunda parte da pergunta: entendo a razão do regresso. Como ele saiu do seu próprio pé depois de quase ter vencido o seu último campeonato pela Ferrari, em 2006, as pessoas pensavam que ele, mesmo depois de três anos fora de prova, estaria tão em forma como então. E não está. E as circunstâncias mudaram um pouco, também. Até pode ter recuperado o ritmo, mas o Schumacher avassalador já está para trás.

18. Dessa nova geração de pilotos que estão surgindo, quem para você é o melhor deles e o por que dessa afirmação?

Gosto muito do Sebastian Vettel, porque é o mais “normal”: guia carros, faz bem o seu trabalho, mas como ser humano, ele conquistou-me: tem bom humor, é educado, tem uma vida privada que é privada – ou seja, a sua namorada não é nenhuma ‘pussycat doll’ – e ganha corridas. Mas também gosto muito do Jenson Button porque pensa as corridas, sabe conservar os pneus e alcança bons resultados. Não ganhou o título de 2009 por acaso, trabalha bem. E tenho olho no sergio Perez, porque é da mesma linha de Button.

19. Você Afirma que é uma injustiça alguns pilotos talentosíssimos como Lucas di Grassi e Bruno Spengler entre outros não estarem na Formula 1 ou não terem tido chances na Formula 1?

Primeiro que tudo: a Formula 1 é uma elite da qual ninguém quer sair. São 24 pilotos de um compartimento estanque, do qual entras ou com muito talento ou com o bolso cheio. Infelizmente, nestes tempos é com o bolso cheio, mesmo que tenha muito talento para mostrar, como o Bruno Senna ou o Pastor Maldonado. E pilotos como Di Grassi ou Alguersuari, ou ficam como terceiro piloto de alguma equipa ou então tentam a sua sorte noutras categorias, como a Indy, WTCC ou o DTM. E de uma certa forma, há vida para além da Formula 1.

20. Me fale sobre as Três Equipes novas que estrearam na temporada de 2010, A Caterham, Marussia e Hispania. Quais delas tem o maior potencial e qual seria o caminho deles para se tornarem competitivas?

O que tem maior potencial é definitivamente a Caterham. Tem dinheiro, entusiasmo e um bom capital humano. Se conseguirem encontrar o segundo que lhes falta para chegaram ao pé do pelotão intermediário, conseguirão os pontos que tanto buscam. As outras duas serão bem mais complicadas, porque precisam do dinheiro e a Marussia vai começar tudo de novo, depois da má experiência com o Nick Wirth e o seu chassis desenhado por computador. E a mesma coisa em relação à HRT, que este ano está com nova gerência.

21. Rubens Barrichello em seus 19 anos na Formula 1 conquistou uma carreira de respeito por lá, O que achou da Entrada dele na Formula Indy? Sera que ele tem potencial o bastante para fazer a KV um time vencedor e de ser campeão da categoria?

Que o Rubinho tem muita experiência, tem. Mas este ano terá de reaprender muita coisa, não creio que pegará de estaca, porque a KV é uma equipa do meio do pelotão, apesar dos motores Chevrolet. Terá o auxilio precioso do seu grande amigo Tony Kanaan, claro, mas ainda tem as ovais para aprender. Pode ser que se chegue perto e consiga pódios ou até uma vitória, mas este ano vai ser complicado.

22. Me fala, O que faltou para o Álvaro Parente conseguir uma boa vaga na Formula 1 e você ainda acredita que ele chegara a correr na categoria ou ele tem que começar a se focar em outra categoria se não a F1?

O Álvaro Parente não teve “padrinhos”, digamos assim. Portugal é pequeno e não há dinheiro para se gastar em patrocínios como se gasta no caso do Maldonado ou do Bruno Senna. Já não acredito nele num Formula 1, tanto mais que agora é piloto na GT1, pela McLaren. Aliás, foi contratado pela marca para ajudar a desenvolver o seu programa de GT’s com o modelo MP4-12C. É como o Filipe Albuquerque, na DTM: já tem a sua categoria.

23.O que você acha da Tecnologia do KERS e do DRS para a Formula 1, Ela é benéfica para a categoria na sua opinião?

São auxiliadores dos pilotos, mas isto é o ponto a que isto chegou: é uma categoria demasiado tecnológica, e como as ultrapassagens se tornaram num bem tão raro, que se teve de encontrar meios artificializados para aumentar a emoção nas corridas. E resultaram, apesar do exagero de teres dezenas, quase uma centena de ultrapassagens por corrida.

24. Hoje a Formula 1 esta cara demais, qual seria a medida que você tomaria para armenizar a escassez de patrocinadores que temos principalmente nas equipes médias e que agrava muito nas nanicas?

Creio que não há muito que fazer, a não ser na redistribuição das receitas. Hoje em dia, 50 por cento cai nos bolsos da FOM, a empresa de Bernie Ecclestone, e ele ganha muito dinheiro – mil milhões de dólares, segundo se crê. Se retirasse 35 por cento desse valor e redistribuísse pelas equipas, eu creio que elas poderiam calmamente sobreviver as temporadas sem recorrer a tantos patrocinadores, digo eu.

25. Me fale quais das categorias de Base que temos hoje é a mais qualificada para formar o Hoje e me diga as características delas se possível? (Formula 2, World Series, GP2 Series)

A GP2 reune mais essas características, porque é uma competição que faz parte da caravana da Formula 1, como é a GP3. Mas a World Series by Renault (WSR) tem algo que a GP2 já começa a não ter: é mais barata. Para correres na GP2, percisas de quase dois milhões de euros para correr, enquanto que na WSR precisas de metade, logo, muitos bons talentos, mas sem muita grana, correm na WSR, como o Jules Bianchi. A Formula 2 é bem mais barata, mas a visibilidade é pouca, porque corre solitariamente – antes, fazia parte do WTCC – e é bem barata, quase o equivalente da GP3 ou da Formula 3. Curiosamente, essas três têm algo em comum: são categorias monomarca e monomotor, algo que nos anos 80 seria incrível, porque havia sempre três, quatro ou cinco fornecedores.

26. Voltando para a Formula Indy, ela hoje esta passando por um nova frase com um novo carro e 3 motores na categoria. A Indy vai conseguir recuperar a receita de 20 anos atrás aonde ela chegou a ficar páreo a páreo com a Formula 1 em termos de competitividade ou isso a Indy não recupera mais e só tem possibilidades de ser a 2ªmaior categoria do mundo.

Recuperar é complicado. Não só ele tem de melhorar, mas os outros tem de tropeçar, é como no futebol. A Indy sofreu muito com a cisão que teve no final de 1994, e do qual só recuperou catorze anos depois. No entretanto, não perdeu para a Formula 1, como também para a NASCAR, que cresceu bastante. A Indy, para recuperar alguma coisa, deve ter um crescimento sustentado, e já atraiu alguns fabricantes de motores, o que é um bom começo. Acho que mais um ou dois fabricantes de chassis, mais uma ou duas corridas no estrangeiro, e vai ser uma boa categoria. Mas não pode perder o facto de ser ela mesma, e não imitar os outros.

27. Dos pilotos de Carro de Turismo (Contando Nascar) quais são para você os 5 melhores pilotos na atualidade e do por que desses nomes?

Confesso não seguir muito a NASCAR. Já vejo tanta coisa que há algo que fica para trás, e para mim, a NASCAR é uma delas. Sei que o Tony Stewart é bom, que o Juan Pablo Montoya e o Marcus Ambrose tentam furar a hegemonia americana na categoria, sei que o Jeff Gordon, o Dale Earnhardt Jr, e o Brad Kielowski são nomes consagrados, que a Danica Patrick está a tentar a sua sorte, mas como não sigo regularmente a categoria, nada te posso dizer.

28. Paulo Teixeira, Me Fale sobre Bernie Ecclestone nos seus pontos positivos e Negativos como dirigente de Formula 1 e Homem de Negócios como ele é?

Bernie Ecclestone é uma personagem incontornável. Está nisto há 40 anos e foi ele que transformou a Formula 1 de uma categoria maioritariamente europeia, com boxes que eram garagens, e onde os pilotos morriam com alguma frequência, num desporto multimilionário – fala-se que vale dois mil milhões de dólares – e global, em boxes esterilizadamente limpas e onde não morrem pilotos desde há 18 anos.

Só que isto tem um preço: ele é um homem que só negoceia dominando, ou seja, que tenha uma boa parte do negócio, e tenha carta branca total. 50 por cento das receitas vão para a sua empresa, e isso o fez num dos homens mais ricos da Grã-Bretanha. E ele, quando negoceia, os seus termos são absolutos: pegar ou largar. E as entidades que organizam os seus circuitos, especialmente na Europa, não conseguem seguir os seus termos, daí ele ir para o Golfo Pérsico ou o Sudeste Asiático, porque é onde está o dinheiro.

29. Por que a Formula 1 teve de se rebaixar a tal nível de ter corrido num país numa terrível Guerra Civil como o Bahrein sendo que o mundo inteiro não queria que essa corrida fosse realizada. Não esta na Hora de Bernie Ecclestone colocar a mão na consciência ou isso ele também vendeu para ter mais dinheiro?

A resposta é simples: dinheiro. O príncipe herdeiro adora automobilismo e está disposto a pagar sem hesitar o dinheiro que Ecclestone exige. Normalmente são 40 milhões, mas ele já pagou 60 milhões em 2010 para ter por lá, porque queria que o Bahrein fosse a prova de abertura do campeonato. Como te disse na pergunta anterior, Ecclestone é um negociador terrível, quase suga o dinheiro às pessoas, tanto o mais que muitas das empresas com que fechou negócio no passado estão agora a querer renegociar ou simplesmente a livrar-se destes contratos, como Valencia ou Coreia do Sul.

Ele tem 81 anos, já é tarde para ele aprender. Nunca teve muitos escrúpulos em relação a coisas como Direitos Humanos. E o melhor exemplo que tu tens foi que, nos anos 80 do século passado, a Formula 1 ia correr á África do Sul, muito depois de ter sido banida dos Jogos Olímpicos, da FIFA e de outras federações, como o rugby e o cricket, devido ao seu regime do “apartheid”. E em 1985, quando o mundo inteiro exigiu que a Formula 1 cancelasse a corrida em Kyalami, pura e simplesmente ignorou-os. E só largou o país porque os patrocinadores e as televisões ameaçaram Ecclestone de que não iriam transmitir a Formula 1 nos seus países.

30. Paulo, Como esta o automobilismo em Portugal, hoje esta havendo muito incentivo das empresas portuguesas com os pilotos do país e qual seria o estado dos circuitos do seu país?

O automobilismo em Portugal, como em tudo, sofre com a crise. Mas ao mesmo tempo, está a internacionalizar-se, especialmente para Espanha, onde os pilotos portugueses correm nos campeonatos locais e tem sido bem sucedidos. A melhor competição existente é o Campeonato Português de GT (CPGT), e mitos dos que correm aí, estão em Espanha. Nos ralis, também se sofre, porque os carros são muito caros e os preços das inscrições são excessivamente caros, e o campeonato sofre.

Felizmente, os circuitos estão bem. Há três permanentes, mais estruturas em Vila Real e na Boavista, no Porto, palco do primeiro GP de Portugal de Formula 1, em 1958. Os circuitos portugueses recebem frequentemente provas de várias modalidades, desde os GT’s até à Endurance, passando pela Moto GP e os Superbikes, World Series by Renault, WTCC, etc, quer no Estoril, quer em Portimão.

31. O que você acha de uma competição feita as olimpíadas para os esportes a motor, seria possível disso acontecer?

Incluir o automobilismo nos Jogos Olímpicos? Não acredito muito. Os Jogos são essencialmente competições planetárias, com seleções nacionais. Não vejo o automobilismo nisso, porque é um desporto “poluidor” e não faz puxar pelo piloto. E claro, uma competição dessas tinha de ter várias categorias: pista, terra, e se calhar duas e quatro rodas. E o Comité Olímpico Internacional é relativamente conservador nesse aspecto, especialmente quando há muitas modalidades que querem ser olímpicas, desde o rugby e o golfe – que o vão ser em 2016, no Rio de Janeiro – até coisas como o futsal ou até a dança! Acho que a ideia é inviável.

32. Seria um sonho impossível temos pilotos como Travis Pastrana na Formula 1 ou na Formula Indy?

Nesse aspecto, o Travis Pastrana estaria melhor nos ralis, contra o Ken Block. Eles são equilibristas, espalhafatosos e claro, dão muito nas vistas. Já vi o Pastrana a correr e acho que na Formula 1, apesar do Ecclestone esfregar as mãos de contente, não iria fazer nada. Na Indy seria outra história, mas em termos de resultados, não seria muito diferente. Não é um sonho impossível, mas não seria bom para a carreira dele.

33. O que você acha da Administração de Jean Todt no comando da FIA?

Não tenho razões de queixa. Vê-se duas coisas: primeiro, não quer mexer na Formula 1, deixou isso nas mãos de Bernie Ecclestone, esperando talvez que ele morra durante o seu mandato para ver se obtêm algum poder para negociar com as equipas. A segunda coisa é mais visível nas áreas onde o Bernie não toca: ralis e Endurance. Aí, ele quer recuperar algum do prestígio do passado, devido à sua experiência passada. Antes de ser diretor desportivo da Ferrari, foi o mesmo na Peugeot e foi navegador nos ralis, nos anos 60 e 70.

Em 2012 – e pela primeira vez em vinte anos – vamos ter um Mundial de Endurance, em parceria com o Automobile Club de L’Ouest, que organiza as 24 horas de Le Mans, o que é importante. E nos ralis, quer alargar a duração destes, que em vez de durar três dias, poderá ter quatro ou cinco. E no futuro, alargar para os “BRICS”. Há rumores neste momento de que o Mundial de Ralis ir em 2013 para o Brasil e Africa do Sul. Veremos.

34. O que você acha do Nível do Rally em termos mundiais e me fale um pouco de Sebastian Loeb, piloto multi-campeão do WRC.

O WRC está á beira de algo que pode ser muito importante. Durante alguns anos, desde 2009, mais concretamente, está a ser um duelo Ford x Citroen, mas desde 2011 que as coisas mudaram um pouco. Primeiro a BMW, com a Mini, e a partir do ano que vêm aparecerá a Volkswagen, com o seu modelo Polo R. E há rumores sobre outras marcas, como a Toyota e a Proton. As coisas prometem aquecer nos próximos anos, mesmo com as polémicas com a Mini e a Prodrive.

Em relação a Sebastien Löeb… é um extra-terrestre. É um piloto excepcional, muito superior aos outros que correm, como Mikko Hirvonen e o Jari-Matti Latvala. O único que o pode contestar neste momento é o Sebastien Ogier, mas não será em 2012 porque ele está a preparar a Volkswagen para a próxima temporada, e ele andará num Skoda S2000 para que a equipa – engenheiros, mecânicos, logística - se treine neste Mundial.

Löeb vai mandar no WRC até quando quiser. Ele já tem 38 anos, mas tem força para ficar mais cinco ou dez anos. Mas creio que ele vai embora antes, porque quer outros desafios. Ele tem uma equipa na Endurance e já foi segundo classificado nas 24 Horas de Le Mans de 2006, logo, essa hipótese o seduz.

35. Falando do Seu blog http://continental-circus.blogspot.com.br/, quais foram as três matérias que você mais gostou de fazer e por quais motivos?

Três matérias? Complicado… escrevi mais de seis mil (risos). Definitivamente, eu coloco a matéria sobre os Três Dias de Imola, que está dividido em quatro partes e escrevi em 2009, uma sobre as circunstâncias da morte de Roger Williamson, em Zandvoort, e outra sobre os pilotos que salvaram o Niki Lauda, ambas escritas em 2007, creio eu.

Gostei muito de fazer algumas biografias, como o do Jackie Stewart, do Juan Manuel Fangio, do Stirling Moss, do Ronnie Peterson, do Patrick Depailler, do Gilles Villeneuve, e de alguns modelos de carros como o Lotus 49 ou o McLaren MP4/4 ou o Williams FW14. Como podes ver, escolher três assim de repente, não é fácil.

36. Me fala um pouco sobre o Livro que trás as melhores histórias e matérias do Blog http://continental-circus.blogspot.com.br/

O livro é basicamente uma seleção dos melhores posts que já escrevi nos três primeiros anos da sua existência, entre 2007 e 2009. Não foi fácil, mas consegui. Está dividido em cinco capítulos, dedicados às corridas em si, ás polémicas nos bastidores, e à parte histórica. Publiquei em 2010 na editora Bubok, e agora mais recentemente, fiz uma pequena revisão. Se quiserem adquirir um exemplar, quer seja em papel ou em e-book, é só ir ao site: www.bubok.pt.

37. Agora uma frase para cada um desses nomes que eu vou te falar

Ayrton Senna: As suas voltas-canhão eram notáveis. Isso compensava a falta de consistência que tinha. De resto, era o meu herói.

Bernie Ecclestone: A pessoa que modernizou a Formula 1, para o bem e para o mal.

Kamui Kobayashi: Um piloto muito veloz. Quando for consistente, será vencedor.

Nico Rosberg: Um herdeiro que bate o pé a Michael Schumacher.

Juan Manuel Fangio: O melhor de todos os tempos, impressiona-me a sua consistência. El Maestro.

Will Power: Um dos melhores que está fora da Formula 1

Bruce Mclaren: Se fosse dono de uma equipa, queria ser como ele.

Red Bull: É a equipa do momento.

Tiago Monteiro: Uma pessoa muito versátil, como piloto e dono de equipa.

Emerson Fittipaldi: Colocou o Brasil no mapa automobilistico. Um desbravador em tudo, até numa coisa notável chamada Copersucar.

38. O que você tem a Falar sobre Jogo de Equipe na Formula 1?

Primeiro que tudo, é uma coisa que sempre existiu, desde os primórdios do automobilismo. Não é uma coisa de agora, as marcas tinham sempre um primeiro e segundo piloto. Agora, o que não se pode aceitar é certas regras que a Ferrari tinha e tem, que é gozar na cara dos adeptos da Formula 1, como aconteceu na Áustria, em 2002 e na Alemanha, em 2010. Esse é que foi o problema. O “normal” seria manter as posições até ao fim, sem que um ataque o outro, independentemente da posição em que estava, porque sempre poderia recuperar na corrida seguinte. Foi o que aconteceu na Lotus, em 1978, quando dominaram, ou na Williams, nos tempos de Piquet-Mansell (apesar do brasileiro desobedecer ao estatuto) e de Mansell-Patrese.

Se antes era tolerado, agora virou algo “malévolo” porque os espectadores não gostam de ver alguém que trabalhou entregar uma vitória para o segundo classificado porque era o primeiro piloto. Se fosse assim, então mais valiam as equipas terem só um carro, não é?

39. O Título de Vettel em 2010 com a Red Bull que se recusou a fazer o jogo de Equipe em cima de Alonso que tinha todo o jogo de equipe ao seu bel-prazer. É uma mostra de que o Bem pode vencer o Mal no Esporte, mesmo que seja num esporte que movimenta bilhões?

Não é um “Bem vs Mal”, foi mais aquilo que te respondi acima. A Red Bull não fez jogo de equipa, deu carros iguais porque ambos os seus pilotos estavam com hipóteses de vencer o título. Como a equipa não queria cortar as pernas a ninguém, jogou todas as cartas e deu a hipótese aos dois, no sentido de “que ganhe o melhor”. E o melhor foi Vettel, que naquela ponta final de 2010, venceu três das últimas quatro corridas do campeonato, enquanto que Webber foi-se um pouco abaixo. E claro, a Ferrari apostou no cavalo errado em Abu Dhabi.

40. E finalmente para terminar, Quem seria o presidente ideal para a FIA?

Eu em 2009 apoiei Ari Vatanen, porque achava que aquele sistema deveria ser abalado, depois do que tinha acontecido com o Max Mosley e as polémicas que quase levaram à sua cisão. O Jean Todt está a fazer um bom trabalho, deve ficar por mais um mandato, mas não pode eternizar-se, como aconteceu ao Mosley, e antes dele, o Jean-Marie Balestre.

Paulo Teixeira ou Speeder76, muito obrigado pela entrevista, desejo mais sucesso para você e o Continental Circus, um dos blogs mais respeitados de Formula 1 que eu conheço.

Eu é que agradeço pela entrevista.

 

 

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